INTRODUÇÃO
Além de
zelar pelo culto do Senhor, os sacerdotes tinham ainda como função inspecionar
a saúde de Israel, fiscalizar-lhe as moradias e regular-lhe a vida social e
jurídica. Nesse sentido, eles podem ser vistos também como médicos,
sanitaristas e juízes. Todavia, a sua função mais importante era conduzir o
povo na Lei de Deus, a fim de torná-lo propício ao Senhor que exige, de cada um
de seus filhos, santidade, pureza e distinção.
Vejamos,
pois, como os sacerdotes levaram os israelitas a ser o povo mais ordeiro,
distinto e saudável de seu tempo.
I –
FUNÇÕES CLÍNICAS
Libertos
do Egito, os israelitas corriam o risco de transmitir à próxima geração
enfermidades como a lepra (Dt 7.15), a doença mais temida da antiguidade. Por
isso, Deus encarregou os sacerdotes de inspecionar clinicamente o seu
povo.
1. A
inspeção da lepra.
Nos
tempos bíblicos, a lepra era a doença que causava mais repulsa devido ao seu
aspecto e contágio (Lv 13.2). Se Deus não a curasse, médico algum poderia
fazê-lo, haja vista o caso do general sírio Naamã (2 Rs 5.1-14). O Senhor
Jesus, durante o seu ministério terreno, curou diversos leprosos e ordenou a
seus discípulos a que os purificassem em seu nome (Mt 10.8; 11.5).
2. A
inspeção clínica.
Em sua
peregrinação à Terra Prometida, os israelitas não contavam com médicos e
sanitaristas. Era um luxo restrito aos egípcios (Gn 50.2). Por isso, Deus
encarrega os sacerdotes de inspecionar a saúde pública de Israel.
Sempre
que alguém apresentava algum dos sintomas da lepra deveria encaminhar-se ao
sumo sacerdote para ser examinado (Lv 13.1-37). De acordo com o diagnóstico, o
paciente era declarado limpo ou impuro. Se constatada a doença, o enfermo era
imediatamente separado da comunidade para evitar uma epidemia (Lv 13.46).
3. A
limitação do sacerdote.
Cabia aos
sacerdotes inspecionar e diagnosticar os leprosos. Era uma função mais
preventiva que curativa. O próprio Senhor Jesus reconheceu a perícia do
sacerdote no diagnóstico da doença (Lc 5.14). Quanto à sua cura, só um milagre
divino poderia limpar completamente um leproso (2 Rs 5.9-14; Mt 8.1-3).
Hoje,
apesar dos avanços da medicina, a lepra, modernamente conhecida como
Hanseníase, ainda é uma enfermidade assustadora. Entretanto, já não há mais a
necessidade de isolar os indivíduos, pois há tratamentos efetivos que curam os
portadores da doença.
II –
FUNÇÕES SANITARISTAS
Devido
aos povos que a habitavam, Canaã tornou-se doentia e contagiosa (Lv 14.34). Até
suas casas e vestes eram tomadas por uma espécie de lepra. Para preservar a
saúde dos hebreus, Deus instruiu os sacerdotes a atuarem também como
sanitaristas.
1. A
função sanitarista do sacerdote.
O
sanitarista é um especialista em saúde pública; sua função é basicamente
preventiva. Manter a cidade livre dos focos de doenças e infecções é o seu
trabalho prioritário. Nesse sentido, cabia aos sacerdotes inspecionar as casas
e roupas em Israel (Lv 14.34-57).
2. A
lepra na casa.
A lepra
numa casa tinha início com o aparecimento de manchas verdes e avermelhadas,
que, via de regra, pareciam mais fundas que a superfície das paredes (Lv
14.37). Sempre que isso ocorria, o proprietário era instruído a recorrer ao
sacerdote, que, após examinar o imóvel, ordenava o seu despejo para que a praga
não se espalhasse por toda a propriedade (Lv 14.36).
Em seguida,
a casa era interditada por sete dias (Lv 14.38). Caso a praga não cedesse, as
pedras contaminadas eram retiradas e as paredes todas eram raspadas. Em último
caso, o sacerdote tinha autoridade para ordenar a demolição do imóvel (Lv
14.45). Para evitar que a lepra contaminasse outras propriedades, todo o
entulho era jogado fora da cidade.
3. A
lepra nas vestes.
As vestes
também estavam sujeitas à lepra. Nesse caso específico, tratavam-se de mofos e
fungos igualmente nocivos à saúde (Lv 13.47-50). De imediato, a roupa deveria
ser levada ao sacerdote (Lv 13.51). Se a praga se mostrasse resistente, o
vestuário deveria ser queimado, a fim de se evitar a propagação de doenças (Lv
13.52).
Deus
advertiu solenemente aos israelitas a se guardarem da praga da lepra, pois a
doença abria a porta para outras enfermidades e moléstias (Dt 24.8). Por isso,
a lepra tornou-se um dos símbolos mais fortes do pecado (Is 1.6).
III –
FUNÇÕES JURÍDICAS
O livro
de Levítico apresenta várias disposições jurídicas, a fim de proteger a
família, a propriedade privada e, principalmente, a vida humana. Nesse sentido,
o sacerdote atuava também como juiz.
1.
Proteção da família.
Com o
objetivo de manter a pureza e a legitimidade no relacionamento familiar, o
Senhor, por intermédio de Moisés, proíbe aos israelitas: o sacrifício infantil
(Lv 20.2); relações incestuosas (Lv 18.6-9); o abuso sexual doméstico (Lv
18.10); a exposição das filhas à prostituição (Lv 19.29); a homossexualidade e
a bestialidade (Lv 18.22,23).
Os filhos
de Israel, como adoradores do Deus Único e Verdadeiro, eram obrigados a honrar
seus pais e a preservar-lhes a autoridade (Lv 19.3; 20.9). Nesse sentido, os
sacerdotes atuavam como reguladores da família israelita.
2.
Proteção da propriedade privada.
A
propriedade privada, em Israel, era sagrada; uma dádiva de Deus ao seu povo (Êx
3.7,8; 1 Rs 21.3). Por esse motivo, os israelitas deveriam tratar suas casas e
campos de maneira amorosa e responsável (Lv 19.9). As colheitas deveriam ser
feitas de maneira a atender à carência dos mais pobres (Lv 23.22).
Sendo,
pois, a terra propriedade do Senhor, não poderia ser explorada de maneira
irresponsável e contrária à natureza (Lv 25.3,4). Do texto sagrado,
depreendemos que o sacerdote tinha por obrigação supervisionar o uso
sustentável da terra.
3.
Proteção da vida.
Também
cabia ao sacerdote inspecionar a edificação das casas (Dt 22.8); a criação de
animais (Êx 21.36); a preservação da mulher grávida e do filho que ela trazia
no ventre (Êx 21.22). Enfim, a vida nas Escrituras é sagrada; um dom do Criador
de todas as coisas (Nm 16.22). Por isso, o Senhor determina no Sexto
Mandamento: “Não matarás” (Êx 20.13). Mencionemos ainda as cidades de refúgio,
que, administradas pelos levitas, serviam para acolher o que, sem o querer,
matava o seu próximo (Nm 35.10-15).
CONCLUSÃO
A aliança
do Senhor com a tribo de Levi era firme e bem conhecida de todo o Israel. Eis
por que seus descendentes deveriam ser o mais alto referencial da nação no que
tange à Palavra de Deus, à instrução e à administração da justiça (Ml 2.4-7).
Se o
Senhor exigiu excelência e correção dos levitas, no Antigo Testamento, como
devemos nós agir no âmbito do Testamento Novo? Que o nosso culto seja marcado
pelo amor a Deus e ao próximo. Sejamos, pois, uma fiel referência em todas as
coisas.
PARA REFLETIR
A respeito de “A Função Social dos Sacerdotes”, responda:
1) Quais as atribuições dos sacerdotes quanto ao relacionamento social
dos israelitas?
Conduzir o povo na Lei de Deus, a fim de torná-lo propício ao Senhor que
exige, de cada um de seus filhos, santidade, pureza e distinção.
2) Qual a função clínica dos sacerdotes?
Cabia aos sacerdotes inspecionar e diagnosticar os leprosos. Era uma
função mais preventiva que curativa.
3) Descreva a função sanitarista dos sacerdotes.
Sua função é basicamente preventiva. Manter a cidade livre dos focos de
doenças e infecções é o seu trabalho prioritário. Nesse sentido, cabia aos
sacerdotes inspecionar as casas e roupas em Israel.
4) Como os israelitas deveriam tratar a propriedade privada?
A propriedade privada, em Israel, era sagrada; uma dádiva de Deus ao seu
povo (Êx 3.7,8; 1 Rs 21.3). Por esse motivo, os israelitas deveriam tratar suas
casas e campos de maneira amorosa e responsável (Lv 19.9). As colheitas
deveriam ser feitas de maneira a atender à carência dos mais pobres (Lv 23.22).
Sendo, pois, a terra propriedade do Senhor, não poderia ser explorada de
maneira irresponsável e contrária à natureza (Lv 25.3,4). Do texto sagrado,
depreendemos que o sacerdote tinha por obrigação supervisionar o uso
sustentável da terra.
5) Que qualidades deveriam ter os sacerdotes de acordo com o profeta
Malaquias?
Os seus descendentes deveriam ser o mais alto referencial da nação no
que tange à Palavra de Deus, à instrução e à administração da justiça (Ml
2.4-7).
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Sagrada - Thompson - Edição Contemporânea - Editora VIDA, 2000
Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Adultos, Valores Cristãos - Enfrentando
as questões morais de nosso tempo, Comentarista Pr. Douglas Baptista, 2
Trimestre 2018.
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