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Escola Bíblica Dominical

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Coordenador Geral Ev. Jorge Augusto

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Subsídio da Lição Nº 9 – Jesus, O Holocausto Perfeito





INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do livro de Levítico, estudaremos hoje o sacrifício do holocausto e a sua tipologia.
– O sacrifício de holocausto tipifica a entrega total de Jesus para nos salvar.


I – O SACRIFÍCIO DE HOLOCAUSTO DE GADO

– Na sequência do estudo do livro de Levítico, estudaremos hoje o sacrifício de holocausto e a sua tipologia.

– O livro de Levítico começa com normas referentes a como se deveria dar o sacrifício de holocausto (Lv.1:2-17).

– A palavra “holocausto” é de origem grega (“olokautoma” – ολοκαυτωμα),cujo significado é “totalmente queimado”, utilizada na Septuaginta (a primeira versão do texto bíblico para o grego), que traduz a palavra hebraica “’olah” (עלה), cujo significado é “aquilo que sobe”, “oferta queimada”, querendo, com isto, indicar algo que, por ter sido totalmente queimado, sobe como fumaça. 

– Portanto, o sacrifício de holocausto era uma oferta que seria totalmente queimada no altar, uma oferta integral, em que tudo seria consumido pelo fogo, tornando-se em “fumaça” que subiria à presença de Deus.

– De pronto, vemos nesta espécie de sacrifício um oferecimento inteiro a Deus, um consumo total para o Senhor, um total aniquilamento do ser para se fazer agradável à divindade, uma completa anulação em prol do Ser Supremo.

– Isto nos faz lembrar o convite do Senhor Jesus para aqueles que quisessem ser Seus seguidores:

“Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt.16:24). Esta renúncia de si mesmo é a primeira atitude que o Senhor exige para quem quer ser Seu discípulo, e tal renúncia nos faz lembrar o sacrifício de holocausto, onde há uma entrega total.

– Esta ideia da renúncia, aliás, em dias de individualismo que marcam os últimos tempos da dispensação da graça (II Tm.3:1,2), é algo que se encontra “fora de moda” nos círculos sedizentes cristãos e isto pode ser observado nas mínimas coisas.

Antigamente, era muito comum utilizar-se a expressão “entregar-se a Jesus Cristo”. Hoje em dia, é muito mais corriqueiro dizer “aceitar Jesus Cristo”, precisamente porque esta ideia de entrega, de renúncia total não encontra guarida na cultura de sobrevalorização do ser humano, do individualismo, dos “homens amantes de si mesmo”.

– A oferta de holocausto, quando fosse de gado, deveria ser de macho sem mancha, que deveria ser trazido à porta da tenda da congregação de forma voluntária e espontânea pelo ofertante, que punha sua mão sobre a cabeça do holocausto para que fosse aceito por ele, para sua expiação.

Aí o animal era degolado perante o Senhor e os filhos de Arão, os sacerdotes ofereciam o sangue e o espargiam à roda sobre l altar de cobre. O holocausto, então, era esfolado e partido em pedaços.

Os sacerdotes, então, punham fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo, punham, também, em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha, mas a fressura e as suas pernas lavavam com água e tudo era queimado sobre o altar (Lv.1:3-9).

– Este cerimonial fala-nos claramente a respeito do sacrifício de Cristo sobre a cruz do Calvário, o único sacrifício perfeito que tirou o pecado do mundo (Jo.1:29; Hb.9:26; 10:12). Senão vejamos.

– Por primeiro, temos que o holocausto de gado deveria ser feito com um animal macho sem mancha. Ora, isto nos fala claramente do Senhor Jesus, que foi o varão sem pecado que viveu sobre a face da Terra (At.17:31; Jo.8:46; Lc.23:4; Hb.4:15).

– Jesus Se humanizou e, como tal, tinha de ser sexuado, pois Deus criou o ser humano em tal condição (Gn.1:27) e o Senhor nasceu como varão, como homem do sexo masculino, motivo por que, na oferta de holocausto, o animal a ser sacrificado necessariamente deveria ser um macho.

– No entanto, Jesus, embora tenha Se humanizado, foi gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:34,35), sendo, assim, o último Adão (I Co.15:45), o homem reto saído diretamente das mãos de Deus 9Ec.7:29), daí porque ser o macho sem mancha a oferta do sacrifício de holocausto.

– Não é por outro motivo, aliás, que a Igreja, que é o corpo de Cristo (I Co.12:27), deve se apresentar a Deus imaculada, ou seja, sem mancha (Ef.5:27).

– Por segundo, a oferta tinha de ser levada até a porta da tenda da congregação. A tenda da congregação era a parte coberta seja do tabernáculo, seja dos dois templos, onde ficavam os dois compartimentos – os lugares santo e santíssimo.

A tenda da congregação também era chamada de “santuário”, porque era o lugar separado do local de adoração, o local onde o povo não tinha acesso.

– Na porta da tenda da congregação, ficava o altar de cobre, o altar de sacrifícios, peça que representa o juízo de Deus sobre o pecado do homem, daí o material ser coberto de cobre (ou bronze), que simboliza, precisamente, o juízo divino.

Não há como se poder entrar no santuário se não se passa, antes, pelo altar de sacrifícios, se não há, previamente, derramamento de sangue, pois sem derramamento de sangue não há remissão (Hb.9:22).

A entrega de uma vida, uma morte se fazia necessária para pôr fim à inimizade que existia entre Deus e a humanidade por causa do pecado, para que se voltasse a ter comunhão entre o Criador e a sua mais sublime criatura sobre a face da Terra.

É preciso uma vida pura (e o sangue simboliza a vida – Gn.9:4) para resgatar a morte gerada pelo pecado (Rm.6:23).



– Já na revelação da promessa da salvação, feita pelo próprio Deus no Éden para o primeiro casal, o derramamento do sangue se mostrou uma necessidade.

Deus, ao anunciar a promessa, disse que a semente da mulher, que promoveria o restabelecimento da amizade do homem com Deus, teria ferido o seu calcanhar (Gn.3:15), isto já mostrando que se derramaria sangue para que se restabelecesse a comunhão entre o Senhor e a humanidade.

– Em seguida, para que o primeiro casal tivesse vestimentas decentes para poder se cobrir, em virtude da própria prática do pecado, Deus sacrificou um animal para lhes prover túnicas de peles (Gn.3:21), a mostrar que a solução para o pecado exigiria derramamento de sangue.

– Por terceiro, o ofertante deveria levar o animal de livre e espontânea vontade, ou seja, a oferta teria de ser voluntária. Isto nos fala do caráter voluntário do sacrifício de Cristo.

O Senhor Jesus entregou-Se, deu a Sua vida, veio para ser morto em nosso lugar, veio para morrer por nós (Jo.10:15-18;12:23-27).

– Por quarto, o ofertante, trazendo o animal até a porta da tenda da congregação, deveria pôr a sua mão sobre a cabeça do animal, para que fosse aceito por ele, para a sua expiação.

Temos aqui a indicação clara do caráter vicário do sacrifício de Cristo, ou seja, o Senhor Jesus assumiria o lugar do pecador, morreria no lugar do pecador, para alcançar a sua redenção, a sua salvação.

– Jesus tomou o lugar do pecador, foi a oferta substitutiva do pecador e a isto que se chama “morte vicária”, pois “vicário” significa “substituto”, “no lugar de”. O macho sem mancha assumia o lugar do ofertante.

Ao se pôr a mão sobre a cabeça do animal, o pecador estava a dizer que ele é que mereceria morrer, mas o animal morreria em seu lugar. Ele como que transferia os seus pecados para o animal, que, então, derramava seu sangue para cobrir o pecado cometido.

– O Senhor Jesus era o justo que tomou o lugar dos injustos, o santo que tomou o lugar dos pecadores e morreu em nosso lugar (Rm.5:6-8; I Pe.3:18), pagando o preço da redenção dos nossos pecados, o preço incomparável, muito maior que ouro e prata (I Pe.1:18-20).

– Por quinto, o animal era degolado e o sangue era totalmente derramado no altar. Jesus derramou todo o Seu sangue na cruz do Calvário, tanto que, quando ressuscitou, tinha carne e ossos, mas não tinha sangue, porque ele todo foi vertido por nós em Seu sacrifício (Lc.24:39).

– Por sexto, o animal era esfolado e partido em pedaços. Isto poderá trazer algum espanto, já que, sabemos, que o corpo de Cristo não foi partido, foi mantido íntegro (Jo.19:33-36), como, aliás, estava profetizado (Sl.34:20). Como, então, a vítima do holocausto poderia representar Cristo?

– Neste ponto, devemos lembrar o que nos ensina o próprio Jesus Cristo, que disse que seria como o grão de trigo que, caindo na terra, morre e dá muito fruto (Jo.12:24-26).

A oferta do holocausto de gado, assim que era morta, era esfolada e partida em pedaços, e isto significa precisamente o que fez o Senhor Jesus.

Ao morrer, Cristo fez surgir a Igreja, esta multidão composta de pessoas de todas as tribos e nações (Ap.5:9,10).

– Por sétimo, os sacerdotes punham fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. Isto nos fala a respeito de duas coisas basicamente.

A primeira, é que a lenha, sendo madeira, representa a humanidade de Cristo. Cristo Se fez homem, humilhando-Se até a morte e morte de cruz, para nos salvar (Fp.2:7,8).

Se não tivesse Se humanizado, o Senhor jamais poderia morrer e assumir nosso lugar. A encarnação de Cristo é uma demonstração de humildade e uma necessidade para que pudesse haver a salvação da humanidade.

– De igual maneira, nossa conformação à imagem de Cristo (Rm.8:29) é necessária para que atinjamos o estágio último do processo da salvação, que é a glorificação.

Jesus tomou a forma de homem para nos salvar, nós somente seremos salvos se buscarmos ter a imagem de Cristo, se formos imagem e semelhança de Deus, que é a nova criatura gerada por Deus (Ef.4:24; II Co.5:17; Gl.6:15; I Pe.1:23).

– A outra coisa a que nos remete a lenha é a circunstância de que a morte de cruz representa uma maldição, pois maldito era aquele que morria no madeiro (Dt.21:23; Gl.3:13).

Jesus Se tornou maldito por nós, assumiu a nossa maldição, tomou sobre si o castigo divino reservado aos pecadores (Is.53:5).

– Por oitavo, as partes e os pedaços do animal eram ordenados sobre a lenha que estava no fogo em cima do altar.

Isto nos mostra que o corpo de Cristo está fundado sobre o sacrifício do Calvário, ou seja, toda a base da Igreja se encontra na salvação operada por Jesus.

Por isso, aliás, o apóstolo Paulo fazia questão de dizer que não se propunha saber senão Cristo e Este, crucificado (I Co.2:2). A Igreja deve pregar o Evangelho e o Evangelho é a palavra da cruz (I Co.1:18,23,24).

– Mas isto também nos mostra que há uma ordem na Igreja de Cristo, que não se pode agradar a Deus se tudo não for feito com ordem e decência, pois nosso Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33).

Se o altar não estiver em ordem, Deus não Se agrada do sacrifício, como podemos ver no exemplo do desafio entre Elias e os profetas de Baal e Asera (I Rs.18:30).

– A Igreja é um povo adquirido pelo Senhor Jesus (I Pe.2:9), aquisição ocorrida precisamente quando do pagamento do preço de nossos pecados no sacrifício da cruz do Calvário (I Co.6:20; 7:23), e, como tal, foi organizado a partir da sua cabeça, que é o Senhor Jesus (Ef.1:22; 5:23), que constituiu ministros para ela (Ef.4:11).

Destarte, a ordem constante do altar fala-nos desta ordem que deve ter a Igreja e como ela é fundamental para que tenhamos a manifestação da glória de Deus por meio do povo de Deus.

– Por nono, a fressura e as pernas do animal eram lavados com água, ou seja, as vísceras do animal assim como as suas pernas eram lavadas com água, pois era precisamente o que seria oferecido.

Esta lavagem com água fala-nos da Palavra de Deus, pois é ela que nos limpa, como afirmou o Senhor Jesus (Jo.15:3), a “lavagem da água pela Palavra” (Ef.5:26), a lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo (Tt.3:5).

– Se não nascermos da água e do Espírito, jamais entraremos no reino de Deus (Jo.3:5), de modo que se faz necessário que sempre sejamos lavados pela Palavra e fortalecidos pelo Espírito Santo em nossa jornada para o céu, até porque, se assim não se fizer,

jamais poderemos oferecer ao Senhor um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, o nosso culto racional (Rm.12:1), pois, antes de haver a queima do sacrifício e subir ele como cheiro suave ao Senhor (Lv.1:9), era necessária esta lavagem com água da fressura e das pernas do animal.

– Veja-se que o que era lavado era a fressura do animal, ou seja, as suas vísceras, o que nos fala a respeito do interior. Devemos iniciar a nossa santificação a partir do espírito e da alma, que são o homem interior. 

Este homem interior tem de ter prazer na lei do Senhor, bem como deve ser corroborado com poder pelo Espírito Santo (I Ts.5:23; Rm.7:22; Ef.3:16), devendo renovar-se de dia em dia (II Co.4:16).

– Existe um dito muito repetido nos círculos eclesiásticos, e totalmente sem base bíblica, de que a “Palavra de Deus se renova a cada dia”, o que não é verdadeiro, pois a Palavra de Deus jamais envelhece, pelo contrário, ela permanece para sempre (I Pe.1:25) e o que envelhece está perto de acabar (Hb.8:13).

Se a Palavra para sempre permanece, nunca fica velha e, portanto, não há que se falar que ela se renove.

– Quem tem de se renovar a cada dia somos nós, mais precisamente o homem interior e este homem interior o fará mediante a lavagem da água, pela Palavra, e a regeneração e renovação do Espírito Santo. 

– Por isso, muito apropriado o que dispõe o item 6 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus:

“Cremos na necessidade absoluta do novo nascimento ´pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo.3:3-8; Ef.2:8,9)”.

A lavagem da fressura e das pernas do animal mostra a necessidade que temos de nos manter em santidade, santidade esta que só é possível mediante a “lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”, mediante a “lavagem da água, pela Palavra”.

– Por isso, muitos, apesar de terem sido alvo do perdão dos pecados, não se tornam agradáveis a Deus, pois não se deixam ser limpos pela Palavra.

Resistem ao Espírito Santo, endurecem a sua cerviz, repetindo, assim, os erros da maior parte dos israelitas ao longo da história sagrada, como foi denunciado por Estêvão no seu conhecido sermão (At.7:51-53).

Para que o sacrifício se apresentasse como cheiro suave ao Senhor, antes a fressura e as pernas deveriam ser lavadas com água.

– A fressura, como já dissemos, representa o interior do homem, o que, às vezes, a Bíblia denomina de “coração”.

O homem tem um coração mau, onde está a fonte de todos os pecados (Mt.15:19,20). Do coração procedem as saídas da vida (Pv.4:23), de modo que temos de purificar o nosso coração, purificação que se dá única e exclusivamente pela Palavra de Deus e pela atuação do Espírito Santo (At.15:8; II Co.1:21,22; Gl.4:6; Tg.4:8).

– As pernas do animal falam-nos das nossas atitudes, porquanto, com as pernas, os animais ofertados se locomoviam, andavam e nós devemos andar segundo o espírito (Rm.8:1), andar em Espírito (Gl.5:16), em amor (Ef.5:2), como filhos da luz (Ef.5:8), em Cristo Jesus (Cl.2:6), com sabedoria (Cl.4:5), para agradar a Deus (I Ts.4:1), em temor (I Pe.1:17).

– Este proceder de forma agradável a Deus somente é possível se nos submetermos à “lavagem da água pela Palavra” e a “lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo”.

Por isso, antes de subir como cheiro suave ao Senhor, a oferta do holocausto deveria ter a fressura e as pernas do animal devidamente lavadas com água.

– Por décimo, o sacerdote tudo queimava sobre o altar. Tem-se aqui, propriamente, o “holocausto”, ou seja, a queima total.

Todo o animal deveria ser consumido no altar, devia tornar-se em “nada”, em “fumaça que subia” à presença de Deus. 

– Esta queima total simboliza a entrega total de Cristo para a nossa salvação. Cristo Se deu por nós, como já dissemos supra.

A queima dos pedaços do animal, já esfolado e partido, significa a necessidade que cada salvo na pessoa de Jesus Cristo tem de se entregar totalmente ao Senhor, de viver única e exclusivamente para a glorificação do nome do Senhor.

– Quando celebramos a ceia do Senhor e tomamos o pão, que é partido para nosso consumo (I Co.11:23,24), estamos a relembrar esta mesma situação tipificada na oferta do holocausto, pois cada pedaço de pão é, também, consumido pelos que participam da ceia,

pão que simboliza o corpo de Cristo, ou seja, a Sua Igreja (I Co.11:24), representando o amor fraternal que deve haver entre cada participante deste corpo, de cada membro em particular (I Co.12:27).

– O amor fraternal, absolutamente necessário para os salvos (Rm.12:10; I Ts.4:9; Hb.13:1; I Pe.1:22; II Pe.1:7), revela esta imperiosa entrega que cada cristã deve ter, numa vida de total entrega ao Senhor, inclusive para fazer bem e servir aos demais, a exemplo do Senhor Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos (Mt.20:28; Mc.10:45).

– Por isso mesmo, o apóstolo Paulo afirmou estar se gastando e se deixando gastar pelos crentes de Corinto, ainda que, amando-os cada vez mais, fosse cada vez menos amado (II Co.12:15), fazendo isto de muito boa vontade, como deve agir todo servo de Cristo Jesus.

– O amor fraternal leva-nos a entregar nossas vidas pelos nossos irmãos, porque o primogênito dentre os irmãos (Rm.8:29) o fez por nós, pois é aí que se mostra o amor de Deus em nós, pois ninguém tem maior amor do que este, de dar a sua vida pelos seus amigos (Jo.15:13).

– Somente seremos verdadeiros discípulos de Cristo se nos amarmos uns aos outros (Jo.13:35), este é a verdadeira credencial de quem se diz integrante do corpo de Cristo e esta queima total dos pedaços do animal ofertado simboliza esta entrega, este amor fraternal, que nada mais é que seguir o exemplo do maior amor, o amor de Cristo por nós.

– Por décimo segundo, a fumaça subia como cheiro suave ao Senhor, ou seja, cumpridos todos os requisitos, este consumo total agradava a Deus, era-Lhe agradável, como, aliás, foi o sacrifício de gratidão efetuado por Noé após o dilúvio, sacrifício que atingiu o coração de Deus (Gn.8:20-22).

– Quando apresentamos a entrega total de nossas vidas ao Senhor, isto Lhe é agradável, quando passamos a nos amar uns aos outros, a servir e a não ser servidos, não resta dúvida de que agradamos a Deus e a nossa missão é aqui agradar ao Senhor, pois não poderemos nos qualificar como servos de Cristo se não o fizermos (Gl.1:10).

O nosso culto racional somente será aceito pelo Senhor se nosso sacrifício for agradável e nesta agradabilidade se encontra o amor fraternal.

– O sacrifício de holocausto simboliza a submissão à vontade divina, aquela mesma disposição que o Senhor Jesus tinha, a ponto de dizer que fazer a vontade do Pai era a Sua própria comida (Jo.4:34).

Não podemos ter qualquer reserva em relação ao Senhor, devemos nos sujeitar a Ele plenamente, fazendo única e exclusivamente a Sua vontade, temos de nos renunciar a nós mesmos.

– Verdade é que o sacrifício de holocausto tem uma diferença essencial com relação ao sacrifício de Cristo.

É que o sacrifício de holocausto servia única e exclusivamente para aquela finalidade, para aquele pecado cometido, e, ademais, cobria o pecado (Sl.32:1), que não era retirado, pois o sangue de animais jamais poderia fazê-lo (Hb.9:11-14).

– O sacrifício de Cristo, único e perfeito, foi imediatamente aceito por Deus, tanto que o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45).

Seu sacrifício subiu como cheiro suave ao Senhor e o pecado foi retirado, o que não se dava com os sacrifícios continuamente oferecidos durante o culto levítico (Hb.9:24-28).

– Eis a razão pela qual o título de nossa lição é “Jesus, o holocausto perfeito”, pois a entrega de Si mesmo feita pelo Senhor Jesus se coaduna perfeitamente com a ideia de holocausto, pois tudo foi consumido em nosso favor, em favor da humanidade, mas de forma definitiva, permanente, pois o preço dos pecados foi pago, o que somente se poderia fazer mediante a morte do último Adão no lugar de todos os seres humanos.

É um sacrifício permanente, definitivo e que tira o pecado do mundo.


II – OUTROS SACRIFÍCIOS DE HOLOCAUSTO

– Mas não é este o único sacrifício de holocausto regrado no livro de Levítico. Logo em seguida a toda a ritualística do sacrifício de holocausto de gado, há o regramento do sacrifício de holocausto de gado miúdo, de ovelhas ou de cabras (Lv.1:10-13).

– Neste tipo de sacrifício, tem-se, assim como no holocausto de gado, a exigência de que o animal fosse macho sem mancha, que deveria ser degolado ao lado do altar para a banda do norte, perante o Senhor, havendo aqui uma diferença, pois, em vez de se estar à porta da tenda da congregação, se estaria na banda do norte do altar de cobre, que era quadrado.

– Tal distinção não altera, em coisa alguma, a tipologia, pois o mesmo se deve à própria organização dos serviços, pois o altar era único e os animais aí tratados de menor porte, de sorte que se deveria ter espaço bastante para todas as matanças de animais que eram oferecidos aos sacerdotes.

– Tal racionalização do espaço mostra, porém, a preocupação que tinha o Senhor de permitir que todos pudessem fazer as suas ofertas, sem congestionamento dos ofertantes em longas filas, que pudessem inviabilizar o cumprimento da disposição de oferecer sacrifícios a Deus, ou seja, o interesse divino em que as pessoas O adorassem e com Ele entrassem em comunhão.

– Não há motivo algum que nos permita “burocratizar” a entrada em comunhão de alguém com Deus.

Devemos estar sempre prontos a permitir que as pessoas confessem e deixem os seus pecados para alcançar a misericórdia. Devemos sempre facilitar o acesso das pessoas ao Senhor.

Temos feito isto, ou, pelo contrário, temos criado uma inadmissível “burocratização”, que faz com que copiemos a trágica atitude dos fariseus que punham sobre os seus prosélitos uma imensa quantidade de ordenanças e mandamentos que não estavam presentes na lei mosaica (Mt.23:3,4).

– No mais, o sacrifício segue praticamente o mesmo regramento do sacrifício de holocausto de gado, com a divisão em pedaços do animal, a colocação destas partes em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar, com a lavagem com água da fressura e das pernas, com a oferta e queima de tudo.

– A seguir, o texto bíblico trata do sacrifício de holocausto de aves, com oferta de rolas ou de pombinhos (Lv.1:14-17), onde, também em razão do tamanho do animal, a matança se dá sobre o altar, mediante a torcida do pescoço com a unha do sacerdote, queimando-o sobre o altar, sem qualquer divisão em pedaços, com o seu sangue sendo espremido na parede do altar.

O papo e as penas eram tirados e o lançavam junto ao altar para a banda do oriente no lugar da cinza, em seguida, fendendo a ave com as suas asas, mas não a partindo e a queimando em cima do altar sobre a lenha que está no fogo.

– É interessante, neste tipo de sacrifício, que o papo e as penas são lançados fora do altar, no lugar da cinza, ou seja, não são objeto de queima, o que se entende porque o couro dos mamíferos também não é sujeito a queima, já que ou faz parte da porção dos sacerdotes (Lv.7:8), ou é queimado fora do arraial (Lv.9:11). 

– Esta posição das penas e do couro leva-nos a uma importante reflexão, qual seja, a de que é preciso nos despir do velho homem para podermos servir a Deus (Ef.4:22; Cl.3:9).

Tanto o couro quanto as penas são o revestimento dos animais ofertados e isto nos faz lembrar do velho homem, da natureza pecaminosa que já reveste o homem quando ele é gerado (Sl.51:5), pois ele exsurge à imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3).

– O couro era queimado fora do arraial, nos casos do sacrifício do dia da expiação, como as penas eram sempre jogadas no lugar da cinza, situações em que se mostra este despojar do velho homem, a colocação da vida passada no pecado no “lixo”, no esquecimento, no mesmo “mar de esquecimento” onde o Senhor lança as nossas iniquidades (Jr.31:34; Mq.7:19; Hb.10:17).



– Já o papo das aves é o local onde há o armazenamento temporário de alimentos, que são posteriormente regurgitados e, inclusive, dados aos filhotes.

É, portanto, um órgão onde se tem o “reviver do passado”, a alimentação com base em ingestão antiga, anterior, algo que significa, pois, exatamente o que o couro e as penas, a vida antiga, o velho homem, algo inadmissível para quem se tornou, em Cristo Jesus, uma nova criatura.

– O apóstolo Paulo é bem claro ao dizer que devemos nos esquecer das coisas que para trás ficam, devemos avançar para as que estão diante de nós (Fp.3:13), não podemos nos prender às coisas passadas (II Co.5:17).

Jamais serviremos ao Senhor nos utilizando da vã maneira de viver que, por tradição, recebemos dos nossos pais (I Pe.1:18), pois, em fazendo isto, deixaremos de nos santificar, pois a santificação nos faz separar plenamente do pecado, de modo que não podemos, em absoluto, voltar a ter as velhas práticas, sob pena de sermos totalmente rejeitados pelo Senhor naquele dia (Mt.7:21-23).

– Outro tipo de sacrifício de holocausto era o que se fazia por conta do pecado involuntário de um sacerdote (Lv.4:1-12).

Quando um sacerdote pecasse, gerando escândalo para o povo, deveria oferecer pelo seu pecado um novilho sem mancha ao Senhor por expiação do pecado, trazendo o novilho à porta da tenda da congregação,

pondo a sua mão sobre a cabeça do novilho e degolando o novilho perante o Senhor, ou seja, exatamente como a oferta de holocausto de gado, a mostrar que o sacerdote, embora fosse sacerdote, era igual a qualquer outro israelita e,

até mais do que qualquer outro israelita, tinha o dever de apresentar um novilho, enquanto os demais israelitas poderiam apresentar outros animais consoante a sua própria condição social.

– Isto nos ensina que aqueles que causam escândalo ao povo, por terem pecado estando à frente do povo de Deus, em posição de proeminência, devem publicamente pedir perdão pelos seus pecados, ou seja, quem está em posição de proeminência sempre causam escândalo quando pecam,

quando cometem alguma transgressão, de forma que todos devem pedir perdão à igreja local quando caírem em pecado, seja qual for o pecado cometido, algo que, lamentavelmente, tem sido esquecido em muitos lugares, o que contribui para o descrédito da obra de Deus.

– O apóstolo Paulo, ao ensinar a Timóteo como deveria exercer o ministério pastoral, não se esqueceu desta peculiaridade, mandando que a repreensão aos presbíteros, ou seja, aos ministros que estavam a apascentar o povo de Deus, deveria ser pública para gerar temor, ou seja, para que todos compreendam a seriedade e a necessidade de se observar a Palavra de Deus para chegarmos aos céus (I Tm.5:20).

– Mas este sacrifício tinha uma peculiaridade: o sacerdote deveria molhar o seu dedo no sangue e daquele sangue deveria espargir sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário, pondo também daquele sangue sobre as pontas do altar de incenso perante o Senhor, que estava na tenda da congregação e todo o restante do sangue derramaria à base do altar de cobre.

– Tal peculiaridade mostra, claramente, que, em se tratando de alguém que tem posição de proeminência no meio do povo de Deus, é mister que haja também a purificação do próprio exercício do ministério, representado aqui pelo fato de se ter de espargir o sangue no véu do tabernáculo, lembrando que o sacerdote tinha o direito de entrar no lugar santo, o que era vedado aos demais israelitas.

Tendo ele pecado, não poderia lá entrar se o sangue do animal ofertado, que cobria o seu pecado, não fosse espargido no véu do tabernáculo, como que a cobrir o próprio pecador quando ele novamente adentrasse no lugar santo, como também este sangue fosse posto no altar de incenso, onde o referido sacerdote iria queimar o incenso ao Senhor.

– Os demais israelitas não participavam da atividade no lugar santo e, por isso, o sangue derramado para a cobertura de seus pecados ficava tão somente no altar de cobre.

Já com relação aos sacerdotes, era preciso que também se estendesse a purificação até os lugares onde ele exerceria o seu ministério. 

– Isto nos mostra que, embora todos sejamos sacerdotes na dispensação da graça, é inegável que aqueles que estão à testa do povo devem ter, no tratamento do pecado, um rigor maior.

Faz-se necessário não só que publicamente confesse a transgressão e obtenha o perdão da comunidade, como também que sejam tomadas efetivas medidas para que seu ministério seja purificado.

– Tal disposição da lei mosaica, inclusive, também mostra, com clareza, que é, sim, extensivo ao exercício do ministério o perdão dos pecados, pois há aqueles que, equivocadamente, entendem que o ministro, tendo pecado e causado escândalo, pode, sim, obter o perdão, mas nunca mais poderá exercer o ministério.

O sangue do animal, no culto levítico, também cobria o exercício do ofício sacerdotal e, portanto, não há como poder afirmar que o sangue de Cristo, que tira e não apenas cobre o pecado, não seja eficaz para restaurar o ministério de alguém que tenha pecado e causado escândalo.

– No mais, o sacrifício pelos erros do sacerdote seguia os ditames dos demais sacrifícios, inclusive com a queima total do animal, com exceção do couro, da carne com a sua cabeça, as pernas e entranhas e o esterco, que deveriam ser levados fora do arraial, para um lugar limpo, onde se lança a cinza, e queimado com fogo sobre a lenha, onde se lança a cinza.

– O fato de parte do animal ser queimada fora do arraial aponta para o sumo sacerdote Jesus Cristo, que morreu fora da cidade de Jerusalém, pois estamos diante de um sacrifício que também servia ao sumo sacerdote (Hb.13:11,12).

– Esta mesma sistemática se dá com outro tipo de sacrifício de holocausto, o sacrifício pelo pecado cuja autoria fosse desconhecida, o pecado praticado ocultamente mas que se tornasse notório (Lv.4:13-21).

Neste caso, por não se saber quem era o pecador, o povo assumia a culpa diante de Deus e se fazia um sacrifício nos mesmos moldes que o previsto para os pecados dos sacerdotes, até porque, ante o desconhecimento do autor da falta, poderia ser ele um sacerdote, de modo que se adotava o sacrifício mais rigoroso.

– Outro tipo de sacrifício de holocausto era o sacrifício pelos erros de um príncipe, ou seja, de uma pessoa proeminente no meio do povo mas que não fosse sacerdote, como o governante, por exemplo (Lv.4:22-26).

Aqui, basicamente, se tem o sacrifício de um bode sem mancha, sobre o qual poria sua mão sobre a cabeça, havendo o sacrifício, com o derramamento do sangue no altar, ou seja, fundamentalmente o mesmo sacrifício de qualquer outro do povo, mas com a exigência de que o animal fosse necessariamente um bode, o que se confirma na continuidade do texto, que fala dos erros praticados por qualquer do povo (Lv.4:27-35).

– Neste caso, tem-se que o animal que se deveria matar seria uma cabra fêmea sem mancha, o que levou alguns a querem defender, com esta disposição, de que Jesus Cristo seria uma mulher, um verdadeiro absurdo, como tem defendido uma doutrina herética denominada “Raça Superior”, que chama Jesus de “Cristo Lisbet”.

Por que se tem aqui uma fêmea e não um macho? Estaria aqui quebrada a tipologia de que o animal do sacrifício de holocausto representa Cristo Jesus?

– Russell Norman Champlin assim explica o fato de se ter aqui uma cabra: “…Os intérpretes, sem dúvida, estão com a razão ao reputarem a cabra como o animal de menor valor, entre os que podiam ser oferecidos.…” (Antigo Testamento interpretado versículo por versículo, v.1, p.492).

Aqui, o que se demonstra é, sem dúvida, a plena acessibilidade ao perdão. A tipologia do animal com respeito a Cristo não está fundada apenas no sexo, que é um fator importante, mas não essencial.

Muito mais importante que o sexo é a circunstância de que Cristo está acessível a todos, de que quer salvar a todos e que, portanto, sempre está disposto a perdoar, pois não veio para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele (Jo.3:17).

– A tipologia da cabra em relação a Cristo está na própria desvalorização que o Senhor Jesus fez para poder salvar o homem.

Assim como a cabra era o animal de menor valor e, portanto, poderia ser oferecido por todo o indivíduo comum que pecasse, o Senhor Jesus deixou a Sua glória, fez-Se homem e aceitou ser avaliado por apenas trinta moedas de prata, a fim de nos alcançar a redenção, pagando altíssimo preço por nós (I Pe.1:18,19; Zc.11:13; Mt.27:9).

– Este altíssimo valor do sacrifício de Cristo e o Seu esvaziamento para realiza-lo deve sempre estar em nossa mente, para que saibamos quão ofensivos seremos a Deus se pisarmos o sangue de Cristo, gravidade que foi muito bem explicada pelo escritor aos hebreus (Hb.10:26-31), até porque o Seu sacrifício é perfeito e único. 



Que Deus nos guarde!







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