INTRODUÇÃO
Se por um
lado a sexualidade tem sido desvirtuada na sociedade pós-moderna, por outro
lado alguns cristãos insistem em tratar o assunto como tabu. Embora o tema
possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana não pode ser
subestimada. Por isso, estudaremos o conceito da sexualidade, o propósito do
sexo segundo as Escrituras e o casamento como o parâmetro para o sexo.
I – SEXUALIDADE: CONCEITOS E PERSPECTIVAS
BÍBLICAS
Sexo e sexualidade possuem conceitos próprios, pois ambos constituem-se
atos da criação divina.
1. Conceito de Sexo e Sexualidade:
A
biologia define “sexo” como um conjunto de características orgânicas que
diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido pelos gametas
que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução dos seres
vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como “espermatozoides” e o
sexo feminino produz gametas chamados “óvulos”. A expressão “sexo” ainda pode
ser usada como referência aos órgãos sexuais ou a prática de atividades
sexuais. Já o termo “sexualidade” representa o conjunto de comportamentos,
ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da
satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da procriação
da espécie.
2. O sexo foi criado por Deus:
No ato da
criação Deus fez o homem e a mulher sexualmente diferentes: “macho e fêmea os
criou” (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatômica e
fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos
sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo
não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que
ao término da criação “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito
bom” (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como algo pecaminoso,
sujo ou proibido. Tudo o que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na
perversão de seu propósito.
3. A sexualidade é criação divina:
Ao criar
o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade: “E Deus os abençoou e Deus
lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra...” (Gn 1.28). O
relacionamento sexual foi uma dádiva divina concedida ao primeiro casal, bem
como às gerações futuras: “deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á
à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Sempre fez parte da criação
original de Deus a união sexual entre o homem e a sua mulher, formando assim,
ambos uma só carne. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor
entre o marido e a sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto “demonizar”
o desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é
má e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os
princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.
II – O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS
1. Multiplicação da espécie humana.
A
finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação. Deus abençoou o
primeiro casal e disse-lhes: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra”
(Gn 1.28). Tal como o Criador ordenara a procriação dos animais (Gn 1.22),
também ordenou a reprodução do gênero humano. Neste ato, Deus concedeu ao ser
humano os meios para se multiplicar, assegurando-lhe a dádiva da fertilidade.
Depois da queda no Éden (Gn 3.11,23), e a consequente corrupção geral (Gn
6.12,13), o Altíssimo enviou o dilúvio como juízo para eliminar o gênero humano
(Gn 6.17), exceto Noé e sua família (Gn 7.1). Passado o dilúvio, Noé recebeu a
mesma ordem recebida por Adão: “E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e
disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). A terra,
que outrora fora despovoada, agora deveria ser repovoada por Noé a fim de dar
continuidade aos desígnios divinos (Gn 3.15, cf. Rm 16.20).
2. Satisfação e prazer conjugal:
Por muito
tempo ensinou-se que a procriação era o único propósito da relação sexual. O
Concílio de Trento (1545-1563) disciplinou a pratica sexual com fins exclusivos
de reprodução e proibiu o sexo aos domingos, nos dias santos e no jejum quaresmal.
Não obstante, a Bíblia também se refere ao sexo como algo prazeroso e
satisfatório entre o marido e a sua esposa: “Seja bendito o teu manancial, e
alegra-te com a mulher da tua mocidade...” (Pv 5.18,19); e ainda: “Goza a vida
com a mulher que amas” (Ec 9.9). Assim, na união conjugal, como também ensina o
Novo Testamento, o homem e a sua mulher devem buscar a satisfação sexual (1 Co
7.5).
3. O correto uso do corpo:
No ato
sexual ocorre a fusão de corpos: “Assim não são mais dois, mas uma só carne”
(Mt 19.6). O sexo estabelece um vínculo tão forte entre os corpos que os torna
uma só pessoa. Como os nossos corpos são membros de Cristo (1 Co 6.15), e
templo do Espírito Santo (1 Co 3.16), as Escrituras proíbem o uso do corpo para
práticas sexuais ilícitas (1 Co 6.16). São condenadas, dentre outras, as
relações incestuosas (Lv 18.6-18), o coito com animal (Lv 18.23), o adultério
(Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm 1.26-27). O corpo não pode servir a
promiscuidade (1 Co 6.13), mas deve glorificar a Deus, o nosso Pai (1 Co 6.20).
III – O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O
SEXO
O casamento é o legítimo limite ético dos impulsos sexuais que podem ser
satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos.
1. Prevenção contra a fornicação:
A
fornicação está relacionada ao contato sexual entre pessoas solteiras, ou seja,
não casadas. Para prevenir este pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a
se casarem: “por causa da prostituição [ou fornicação], cada um tenha a sua
própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.” (1 Co 7.2). Os ensinos
de Paulo ratificam o propósito divino do casamento, ou seja, “um homem para
cada mulher” (Gn 2.24). Este princípio também foi defendido por Jesus: “deixará
o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher” (Mt 19.5). Deste modo, a
legitimidade cristã para a satisfação dos apetites sexuais entre um homem e uma
mulher restringe-se ao casamento monogâmico heterossexual (1 Co 7.9). Toda
prática sexual realizada fora destes moldes constitui-se em sexo ilícito.
2. O casamento e o leito sem mácula:
As
Escrituras ensinam que o casamento é digno de honra (Hb 13.4) e que a união
conjugal deve ser respeitada por todos (Mt 19.6). O leito conjugal não pode ser
maculado por ninguém. Quem o desonrar não escapará do juízo divino (Hb 13.4b).
Aqui a desonra refere-se ao uso do corpo para práticas sexuais ilícitas com
ênfase nos casos de relações extraconjugais (1 Co 6.10). Inclui também as
relações conjugais resultante de divórcios e de segundo casamentos antibíblicos
(Mt 19.9). Embora, muitas vezes, os imorais escapem da reprovação humana, não
poderão fugir da ira divina (Na 1.3). A práxis da sociedade e a condescendência
de muitas igrejas não invalidam a Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
O sexo e
a sexualidade são atos da criação divina e não podem ser tratados como algo
pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. Cabe ao
cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24).
O desvirtuamento desse padrão implicará punição aos que praticam a imoralidade
(Hb 13.4). Portanto, vivamos para a glória de Deus!
PARA REFLETIR
A respeito do tema “Ética Cristã e Sexualidade”,
responda:
Qual a diferença entre “sexo” e
“sexualidade”?
A
biologia define “sexo” como um conjunto de características orgânicas que
diferenciam o macho da fêmea. Já o termo “sexualidade” representa o conjunto de
comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a
busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da
procriação da espécie.
Por que o sexo não pode ser
tratado como algo imoral ou indecente?
Sendo
criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente.
Qual a finalidade primordial do
sexo?
A
finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação.
A finalidade do sexo, segundo a
Bíblia, é só para procriar?
Não,
a satisfação e o prazer conjugal também são finalidades do sexo.
O que é fornicação?
A
fornicação é o contato sexual entre pessoas solteiras, ou seja, não casadas.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia
Sagrada - Thompson - Edição Contemporânea - Editora VIDA, 2000 Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Adultos, Valores Cristãos - Enfrentando
as questões morais de nosso tempo, Comentarista Pr. Douglas Baptista, 2
Trimestre 2018.
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